5.10.06

Oliver Stone encara desafio do 11 de setembro

Entrei na sala de cinema pensando que iria ver um dramalhão mexicano com "As Torres Gêmeas" ou um filme de ação barulhento, cheio de efeitos e xingando os muçulmanos – indiretamente, é claro, apenas para olhos e ouvidos bem treinados. Não sabia que a direção era de Oliver Stone. Se soubesse, teria entrado um pouco mais confiante. Descobri que o diretor no fim da projeção que era o mesmo de belas produções como "Platoon" e de outras bombas como "Alexandre" (um dos raríssimos filmes que não consegui ver até o fim, pois o tédio me abateu). E, acredite, gostei do que vi.

O primeiro acerto de Stone foi não contar a história das três mil pessoas que morreram e de seus milhões de parentes envolvidos. A história não só do cinema, mas da arte e do próprio jornalismo mostrou que essa tática é suicida. Torna-se superficial e fragmentada. Parece um exagero essa bservação, mas a mistura de xenofobia/americano-patriotismo do fato bem poderia ter influenciado um cineasta. A opção do diretor de escolher duas figuras e centrar a história em torno das mesmas deixou a trama amarrada. Não foi preciso um bloquinho de anotações para saber quem era quem na película.

De início, pensei que a abordagem da vida de dois policiais seria um ufanismo bobo, do tipo "viva os heróis americanos". Mas os personagens saíram dos limites dos Estados Unidos e conseguiram um universalismo interessante, até porque não foi uma ode aos policiais, e sim à força dos seres humanos.

O filme peca pelo excesso de choro das famílias, que a certo momento nem comove mais o espectador. Os fashbackes também só empobrecem a narrativa. Esse recurso é mais do que clichê nessas produções, e as cenas são rigorosamente semelhantes. Cansativo demais. E a aparição de Jesus Cristo em duas cenas-relâmpago sem necessidade alguma e da mulher do policial de John McLoughlin (belamente interpretado por Nicolas Cage) ao seu lado nos escombros são dois escorregões difícil de engolir. Ainda bem que esses momentos são rápidos.

Stone fez do 11 de setembro um cenário para seu filme, como seria soldados soterrados em episódio semelhante em 93 ou em outro lugar do mundo. Não foi uma panfletagem contra Osama. O que prevaleceu foi o humano.

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