Na semana passada me senti retrô ou quase cult. Na quinta-feira, fui até a Santa Ifigênia, rua de São Paulo famosa por aparelhos eletrônicos de todos os tipos e procedências, comprar fitas cassete para meu pai, viciado em gravar músicas e principalmente jogos e gols do Grêmio que ele ouve pelo radinho.
Verdade que meu pai não tem computador em casa, não sabe mexer na internet, isso certamente pesa no seu hábito. Mas ele gosta, percebo, de manusear as fitas, rebobinar, levar para lá e para cá, o antônimo da impessoalidade dos bytes. Nem todas as pessoas precisam ser fissuradas por tecnologia. Eu gosto de um saudosismo, não tem jeito, e deve ser por isso que sinto simpatia por essa mania dele.
Agora morando em uma cidade tão “moderna”, “vapt-vupt” como Sâo Paulo, talvez encaro até romanticamente o apego do meu pai a suas fitinhas, quase uma ode à simplicidade. É como se houvesse pelo menos uma pessoa, no mundo, feliz com o que tem nas mãos, sem aquela busca cansativa por algo que nem sabe o que é mas que imagina ser sempre melhor.
Divagações à parte, auxiliadas pela expectativa da minha viagem a Farroupilha amanhã, estou feliz por ainda ter encontrado algumas K7 para ele. E anuncio que nem me importo mais com as caras de espanto quando conto que há gente que segue fiel das ditas fitinhas.