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14.12.12

quadrinhos das antigas

Esses tempos fiz matéria muito legal sobre histórias em quadrinhos na internet (disponível aqui). Quando criança eu era muito fã de HQs, principalmente da Disney. Li e reli zilhões de vezes a minha “coleção”, a ponto de decorar as histórias.

Depois de adulta não achei mais graça em HQs. Nem mesmo tirinhas me animam muito. Mas foi interessante fazer essa matéria e, como sempre, aprender muito sobre um tema relativamente conhecido de todo mundo.

Por questão de espaço, meu eterno vilão, deixei de fora MUITA, mas MUITA informação legal. Daí pensei em usar meu humilde blog pra isso, para aproveitar e publicar coisas interessantes que não couberam no texto.

A primeira coisa é uma entrevista com o criador do blog Quadrinhos Antigos, que prefere não se identificar por questões legais. Fiz por e-mail e o resultado segue aí embaixo J

Qual sua motivação para começar o blog?
Em julho de 2009, tive a ideia de digitalizar minha coleção de HQs para preservá-la dos desgastes do tempo. Nessa época, o cenário era diferente de hoje: os personagens clássicos não estavam mais sendo publicados, e até mesmo a tradicional linha de quadrinhos Disney, da editora Abril, estava ameaçada de cancelamento. Nenhuma editora se interessava em publicar os personagens clássicos, e assim as novas gerações não conheciam personagens como Tarzan ou Flash Gordon. Inconformado com esta situação, pensei então em criar um blog para disponibilizar este material para o público. Além da minha coleção comecei também a abrir um espaço para que os frequentadores do blog enviassem suas revistas antigas. Surgiram então muitos colaboradores dispostos a digitalizar e enviar suas coleções. Este processo existe até hoje e é bem trabalhoso: eles escaneiam as revistas página a pagina e nos enviam; elas, então, entram na fila para serem tratadas. É nessa fase que eliminamos os estragos do tempo e restauramos as cores. No entanto, devo aqui fazer uma ressalva: embora o blog Quadrinhos Antigos, seja o primeiro blog especializado em resgatar a memória dos quadrinhos publicados no Brasil, ele não é o primeiro a compartilhar revistas antigas. Na verdade o pioneiro foi o Eudes Honorato, do blog Rapadura Açucarada e do Fórum FARRA, que no início nos ajudou bastante divulgando o blog.

Quantas visitas diárias o site recebe atualmente?
Em média 2000 visitas por dia.
 
Você tem em seu blog quadrinhos considerados “raridades”?
Sim, existem muitas raridades: entre elas posso citar os primeiros números do Pato Donald e do Zé Carioca publicados na década de 1950; a revista Crás, que foi a primeira tentativa de uma grande editora (no caso a Abril) de publicar uma revista inteiramente produzida no Brasil; a Tintin Semanal, que publicava o melhor dos quadrinhos europeus, e os álbuns do Príncipe Valente e do Fantasma publicados pela saudosa Editora Brasil América (EBAL).

Qual o tamanho do acervo do blog hoje?
Fica difícil eu dar um número exato, porque o trabalho no blog é colaborativo, muita gente compartilha seus quadrinhos através de sites de compartilhamento de arquivos. Mas deve estar beirando uns 800 arquivos, todos em formato CBR.

Que tipo de retorno você recebe dos visitantes do blog? Elogios? Sugestões? Ou ainda críticas relativas à questão do direito autoral?
Recebemos muitos elogios, agradecimentos e também pedidos de quadrinhos antigos a serem postados. Uma mensagem que me comoveu muito foi a de um frequentador do blog que relatou, emocionado, como seu pai doente pôde relembrar os quadrinhos que lia em sua infância poucos dias antes de morrer. Quanto à questão do direito autoral, nunca tive qualquer problema em relação a isso. Mantenho contato com alguns editores de quadrinhos que frequentam o blog, que não reprovam nosso trabalho. Em parte isso se deve à nossa postura ética, pois nunca postamos revistas publicadas recentemente ou tentamos ganhar dinheiro com o blog. Sou bem realista quanto ao nosso trabalho, que apesar de tudo é um trabalho de fãs, já que não somos proprietários dos direitos autorais, por isso tenho uma preocupação também com as editoras: sempre anuncio os lançamentos e incentivo os usuários do blog a comprarem as revistas. Não me parece coincidência que hoje as editoras estejam voltando a publicar quadrinhos clássicos como Recruta Zero ou Popeye. Aliás muitos usuários do blog comentam que voltaram a comprar quadrinhos por causa dos scans.

Além do seu blog, você indica outros acervos online no Brasil para fãs de histórias em quadrinhos?
Na sua opinião, que mudanças a internet trouxe para o mercado de HQ no Brasil?
A Internet reduziu a distância entre os leitores e as editoras. Hoje ferramentas como Twitter e Facebook permitem aos leitores opinar sobre os lançamentos, cobrar qualidade e até mesmo entrar em contato com os autores. As pequenas editoras e autores independentes também podem divulgar suas publicações sem um investimento pesado em publicidade, o que de certa forma explica a enxurrada de lançamentos de quadrinhos independentes que tivemos nos últimos anos. Mas apesar de tudo o mercado de quadrinhos no Brasil ainda é muito conservador. Enquanto lá fora as grandes empresas como Marvel, DC e comiXology já estão comercializando HQs digitais, aqui no Brasil ainda se discute a forma como isso será feito. A Mauricio de Souza Produções, por exemplo, já tem alguns projetos para vender quadrinhos digitais da Turma da Mônica. Na verdade o caminho para a venda de quadrinhos digitais está sendo pavimentado pelas iniciativas dos fãs em disponibilizar as revistas na internet, popularizando o hábito de ler HQs nos tablets. Isto, no entanto, trouxe a polêmica do compartilhamento de arquivos para o mercado de quadrinhos: se por um lado existe a possibilidade de se baixar edições inéditas ou lançadas recentemente, prática que nós reprovamos, pois prejudica as editoras que sobrevivem da venda de quadrinhos, por outro existe também o lado positivo, o resgate da memória dos quadrinhos lançados. No Brasil este trabalho feito pelos fãs é importantíssimo, pois muitas editoras não mantinham em arquivo as cópias das edições lançadas, incluindo ai também as editoras que já desapareceram. É um trabalho árduo e que muitas vezes é chamado de pirataria, sendo que não ganhamos nada com isso.

* Além desse blog, descobri o Superscans, que tem bastante coisa interessante e antiga também.