28.6.13
no diplô
25.11.10
conclusões, só se forem explosivas
Essa é das poucas certezas que tenho na vida: se fizer um mestrado, será sobre algo que me envolva de alma e que me permita, outra vez, mexer com teorias e pensamentos prontos pra explodir.
9.11.10
os isqueiros
Frase pichada em um muro da Cracolândia, publicada em matéria da Folha em setembro. Trágica, mas ainda assim sensacional.
28.10.10
foucault mais vivo do que nunca

Vi ainda na semana passada Tropa de Elite 2, do José Padilha, em uma simpática promoção de um cinema na Avenida Paulista.
Queria fazer um texto legal sobre o filme, mas o cansaço e a falta de tempo têm atrapalhado. Mesmo assim, fico incomodada em não escrever nada a respeito de um assunto – violência e conflito social – que sempre esteve entre os mais interessantes pra mim.
Nunca concordei com a visão das pessoas, em geral, a respeito do primeiro Tropa. Mas deve ter muito a ver com o fato de eu ter lido, bem antes, “Elite da Tropa”, livro do Luiz Eduardo Soares e dos ex-soldados André Batista e Rodrigo Pimentel.
A primeira do livro, descritiva, relatava o mundo do Bope e o treinamento dos policiais. Cheio de cenas feias e grotescas, como parecem ser as “aulas” mesmo.
Já a segunda parte é uma ficção, e o texto é algo como um conto, que lembra deveras Agosto, do Rubem Fonseca (mas sem a mesma qualidade). O que aparece, então, é o lado burocrático do crime. Em vez da violência dos morros e das armas do Bope, a corrupção dos agentes nos gabinetes, dos políticos... Na trama, até mesmo o governador estaria envolvido.
Quando fui enfim assistir Tropa de Elite, achei estranhíssimo essa segunda parte ficar de fora. Aparecia a classe média, os conflitos psicológicos do personagem principal, mas por onde andaria a banda podre dos gabinetes¿
Tornou-se, justamente, o enredo do segundo, com base na atuação das milícias sobre as comunidades pobres do Rio.
Por isso eu tenho a audaciosa tese de que o Padilha não foi convencido porcaria nenhuma de que fazer um segundo. Eu apostaria que esse segundo nasceu, na cabeça dele, junto com o primeiro. A história é uma só.
E para quem reclamou do pouco caso de Padilha com Michel Foucault, Tropa de Elite 2 pode ser, de certa forma, redentor. Com a descoberta de como funciona o “sistema”, Capitão Nascimento consegue ver e mostrar que Foucault e seu “Vigiar e Punir” estão mais vivos do que nunca.
Saí do cinema com uma sensação de que estou do lado certo. De que as lutas valem muito a pena.
Um viva final para o Marcelo Freixo (o Fraga do filme na vida real), pela coragem, e para o José Padilha, que conseguiu levar todo mundo pro cinema com filmes inteligentes e politizados, sem apelar para a fórmula das horrendas comédias nacionais.
Junto com Ônibus 174 e o primeiro Tropa de Elite, o diretor conseguiu um panorama fantástico sobre o conflito social no Rio de Janeiro. Assuntos difíceis e complexos para um post só, mas os problemas que José Padilha desnuda estão longe de uma solução fácil. Pelo menos agora dá pra dizer: só não vê quem não quer.
7.10.10
as farsas de um governo
22.10.09
são paulo não pararia por este filme
Fui assistir a Salve Geral, do Sérgio Rezende, o tão aguardado filme sobre os Ataques do PCC em 2006. Ou os chamados "Crimes de Maio", como preferem as organizações de direitos humanos.
Como estudiosa que fui desses episódios por conta da minha monografia (já se vão dois anos de sua conclusão), presunçosamente resolvi que eu seria uma pessoa "importante" para analisar o filme - ainda que minha opinião não atinja muito além de mim mesma.
Salve Geral conta a história daqueles dias a partir do olhar de uma família de classe média decadente. Lúcia (Andréa Beltrão) é formada em Direito, mas nunca exerceu a profissão, trabalhando como professora de piano. Depois da morte do marido, junto com o filho Rafael (Lee Thalor) é obrigada a se mudar para uma área periférica de São Paulo, mais de acordo com seu novo padrão de vida.
O filho fica revoltado com a mudança, se torna rebelde, participa de um racha, se envolve em uma briga e, acidentalmente, atira contra uma moça, que morre. Ele é detido, condenado a oito anos de reclusão e vai para um presídio – bem um daqueles “simpáticos” e “convidativos” que aparecem na televisão.
Preso, Rafael descobre que uma facção (Comando da Capital - o filme não usa a sigla PCC nem o verdadeiro nome do grupo) domina o presídio e que, para os que tiverem dinheiro, a vida lá dentro não precisa ser tão difícil.
Pedindo uns trocados para a mãe, ele consegue uma cela melhor, onde pode até usar desodorante (o que soa como um luxo se compararmos com as condições das celas superlotadas).
Lúcia, com a prisão do filho, se desespera e resolve que precisa ajudá-lo. Fica amiga de Ruiva, advogada do PCC (Denise Weinberg, melhor atuação do filme), inicia um caso com um dos detentos e é justamente esse envolvimento de mãe e filho com a facção e com o crime que se desenrola o filme.

Enquanto produção, a película é apenas razoável, cenas bem feitinhas, nada mais. Em termos de narrativa, o que realmente chamou a atenção foi a forma como se aproveitou a figura de Marcos Herbas Camacho, o Marcola, sem personalizar. Em vez de usar apenas um ator representando o líder, optou-se por utilizar três personagens diferentes, cada qual pegando, para si, algumas características e frases atribuídas a Marcola.
No início, fiquei um pouco confusa, tentando descobrir quem seria o verdadeiro, mas só depois me dei conta do “truque”. Acredito que a opção foi boa e acertada, porque o personagem “pleno” seria mais interessante do que todo o resto, monopolizando a história. Disso não tenho dúvidas. Também é bom elogiar que os “bandidos” criados não me soaram estereotipados, um risco que sempre se corre e que periga deixar tudo com cara de novela/seriado mal-feito.
De forma geral e apesar dessas qualidades, eu esperava mais de Salve Geral, até por ter sido escolhido o representante brasileiro a uma das cinco vagas que concorrerão ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
Aguardava que, pelo menos, pudesse provocar discussões e reações adversas como causou Tropa de Elite, do José Padilha, quando foi lançado (primeiro pelos camelôs) em 2007.
É difícil estabelecer comparações entre os dois, mas um fato é que Salve Geral, no fim das contas, não é um filme interessante. Enquanto em Tropa de Elite existe um Capitão Nascimento, um policial com atitudes e opiniões chocantes para uns, ideais para outros, o filme de Rezende não traz nada de novo: é apenas uma família de classe média amedrontada com o crime e querendo escapar de um pesadelo. Nada mais do que enfadonho. Nem a tentativa de mostrar a organização interna da facção funcionou (razão pela qual alguns podem ter bobamente qualificado a produção como pró-PCC).
Mais do que sobre aqueles dias específicos em que “São Paulo parou”, o filme usa como pano de fundo a história do PCC, o que me parece um indicativo de que seus objetivos são puramente comerciais: arrastar gente para as salas e gerar bons números nas bilheterias.
As “Mâes de Maio”, que tiveram seus filhos assassinados pela polícia em 2006, organizaram protestos contra o filme, que foi considerado desrespeitoso com a verdadeira história das mais de 400 mortes (foram 493 no total, de acordo com dados do IML, sendo que o PCC teria sido responsável apenas por 47).
É apenas uma humilde opinião, mas me parece que o filme não pode ser considerado manipulador e de conteúdo manipulado, já que todos os fatos mostrados realmente aconteceram – queima de ônibus, rebeliões, correria nas ruas etc – e em nenhum momento se afirma que todas as mortes (ou mesmo sua maioria) foram causadas pela facção.
O que se pode questionar é a falta de engajamento, na medida em que poderia ter optado por mostrar todos os episódios, da primeira até a última execução, assim como seus desdobramentos. Mas, ate aí, considero uma grande ilusão acreditar que o cinema ou qualquer outro tipo de atividade com fins puramente comerciais se preste a esse tipo de papel e de luta.
No mais, segue faltando um documentário sobre esses fatos. A lacuna continua aberta. Se algum amigo for fazer, já estou me convidando para participar. E quem sabe, agora, eu me anime a tentar publicar um artigo baseado nas minhas pesquisas com jornais da época.
16.4.09
só para os fortes

Assisti a cerca de dois terços do filme "O Prisioneiro da Grade de Ferro", feito em 2003 dentro do Carandiru. A ideia que originou o documentário foi mais ou menos a mesma que alguns colegas e eu tivemos para uma cadeira da Ufrgs: ministrar uma oficina de vídeo - no nosso caso, para menores apenados, jovens infratores ou seja qual for a expressão politicamente correta da vez.
Não conseguimos entregar a câmera para os meninos - em grande parte pela burocracia da universidade, mas oferecemos a pelo menos o microfone para que pudessem relatar o que só eles conseguem sentir.
No caso do "Prisioneiro", não sei bem como eles fizeram, qual foi a preparação, mas o fato é que o trabalho de filmagem saiu dos próprios presos. E o resultado é surpreendente.
Não é um filme para estômagos fracos. Em uma das cenas, a câmera acompanha os ratos que povoavam o presídio. E eram senhores roedores rechonchudos. Eu levantei do sofá e saí, nesse momento, confesso, porque era a barbárie da imundície.
Em outra passagem, aparece um fotógrafo - um cara que tirava fotos dos detentos vivos e, depois, mortos durante rebeliões ou outros acertos de contas. E as imagens foram mostradas, todas, dos vivos e dos mortos, sem disfarces nem vontade de atenuar qualquer choque.
Teve também um trecho sobre o caos na enfermaria. Gente com todo tipo de sequela, doença, pereba ou problema de saúde que tu fores capaz de imaginar.
Como no livro "Estação Carandiru", do Dráuzio Varela (que, aliás, aparece no documentário realizando consultas), o filme mostra uma série de personagens e histórias, pavilhão por pavilhão. Os estrangeiros que estão presos sem julgamento, os homossexuais que se prostituem em troca de merrecas, um fabricante de cachaças artesanais, outros artistas, escultores...
Ainda que todo o trabalho seja ótimo, o que realmente me deu inveja e vontade de ter feito o documentário foi a última cena que eu vi, quando já estava com um sono além do suportável.
No último dia do ano, um grupo de detentos assiste à queima de fogos de artifício que acontece todos os anos na Avenida Paulista. É como se a gente tivesse, então, o ponto de vista de quem admira tudo aquilo por trás das grades de ferro.
E eles elogiam o show pirotécnico. "Olha lá, mano, que bonito", certamente lembrando-se das suas pessoas queridas que estão do lado de fora.
Também não falta uma mostra de politização. "Olha lá, o símbolo do capitalismo", diz um deles enquanto se refere ao prédio do Banespa.
Quero muito terminar de ver. Com certeza, voltarei para contar como foi o resto. Mas a gente nem precisa ver o final de certas histórias para concluir que está absolutamente tudo errado.
19.1.09
também preciso dizer isso
Se a cidade grande e o mundo real já não tivessem me endurecido tanto, acredito que começaria a chorar na mesma hora. Só sei que nunca me senti tão ingrata com a vida por pensar em tantos problemas mesquinhos e, ao mesmo tempo, tão agradecida por ter um emprego, um curso superior completo, pessoas que gostam de mim e um teto.
15.10.08
maravilha de presídios
Nessa semana, saiu o censo penitenciário de junho, afirmando que o Estado tem 50% mais presos do que sua capacidade. Segundo o coordenador da Pastoral Carcerária em São Paulo, padre Valdir João Silveira, com quem consegui conversar, conta que vários dos lugares que a Pastoral indicou para visitas dos parlamentares não foram levados em consideração.
Em outras palavras, mais uma CPI que não investigou nada e ainda tentou enganar todo mundo. Palhaçada.
26.9.08
jornalismo e polícia
Tenho lido bem menos coisas do que eu deveria, a tudo eu atribuo a minha ainda desorganização de vida aqui em São Paulo. Mas todo o dia eu dou uma olhada na Zero Hora, seja para ver se o Grêmio joga, ver se está tudo inteiro no Rio Grande ou – óbvio – achar alguma coisa para criticar no jornal, dentro da minha chatice habitual e – pretensamente – crítico democrática. Não que eu não faça o mesmo com outros veículos, mas neste a “diversão” é garantida.
Pois bem, encontrei!!! Depois de uma manchete que dizia “Árabes querem dominar o mundo”, que se referia a uma transação futebolística, induzindo os leitores a acreditar que se tratava de um novo ataque terrorista, o site disponibiliza esta matéria:
Pais encontram filho morto em frente de casa na Capital
Jovem de 20 anos voltava da escola e teve mochila, celular, tênis e jaqueta roubados
Atualizada às 13h37min
Maílson Oliveira da Rosa, 20 anos, foi morto ontem à noite em frente a sua casa, na Vila Safira, zona norte de Porto Alegre, quando voltava da aula. Ele teria sido vítimas de assaltantes, que levaram mochila, tênis, um telefone celular e uma jaqueta que trajava. O delegado Leonel Baldasso, da 18ª DP, ainda não tem suspeitos, mas diz que roubos são comuns na região.
Por volta das 23h, os pais da vítima ouviram um barulho, mas não deram muita importância. Cerca de duas horas depois, estranharam a demora do filho, que já deveria ter retornado da Escola Estadual Itália, onde cursava o Ensino Médio. Encontraram-no baleado em frente à casa. O pai da vítima, Milton da Rosa, disse não saber se o filho reagiu.
Conforme a família, Maílson tinha deixado o quartel havia poucos meses, onde serviu na Cavalaria. Costumava prestar serviços como auxiliar em construções. Havia comprado o celular recentemente, com o próprio dinheiro. SEGUNDO A POLÍCIA, O JOVEM NÃO TINHA ANTECEDENTES CRIMINAIS. Ele será sepultado em Três Cachoeiras, no Litoral Norte, cidade de origem dos pais.
O chefe de investigações da 18ª DP, Cláudio Pinto, divulgou um número de telefone para denúncias anônimas: 3387-6683.
No site não estava este grifo em caixa alta, óbvio, fui eu quem colocou, já que marca bem a parte que me chamou a atenção. O jovem parece ter sido assaltado, como tanta gente é. Até aí, tudo bem. Mas qual a relação entre o crime e os antecedentes criminais da vítima? Não é comum ter este tipo de informação nas matérias sobre as pessoas de classe média que sofrem violência semelhante.
Isso vale, como diziam tantos professores da Fabico, uma monografia. Essa eu gostaria de fazer. Eu pegaria vários casos e mostraria, bem provável, que estas relações entre morte e passado da vítima costumam ser feitas com gente pobre, das favelas, de “lugar perigoso”, de “área de risco”.
Assalto à classe média é sempre resultado da falta de segurança. Mas caso com pobre aparece sempre, mesmo que sutilmente, como vingança e acerto de contas, deixando a impressão de que “morre porque conhece bandido”.
Eu já quis muito trabalhar em editoria de polícia. Mas se o critério atual for esse, investigar ficha de polícia de morador de favela e ficar amiguinha de delegado, estou fora.
11.9.08
sociologia
(Pichação na Rua da Praia, Centro de Porto Alegre)
8.9.08
surtei

19.8.08
16.7.08
sobre o medo
O medo global
Os que trabalham têm medo de perder o trabalho.
Os que não trabalham têm medo de nunca encontrar trabalho.
Quem não tem medo da fome, tem medo da comida.
Os motoristas têm medo de caminhar e os pedestres têm medo de ser atropelados.
A democracia tem medo de lembrar e a linguagem tem medo de dizer.
Os civis têm medo dos militares, os militares têm medo da falta de armas, as armas têm medo da falta de guerras.
É o tempo do medo.
Medo da mulher da violência do homem e medo do homem da mulher sem medo.
Medo dos ladrões, medo da polícia.
Medo da porta sem fechaduras, do tempo sem relógios, da criança sem televisão, medo da noite sem comprimidos para dormir e medo do dia sem comprimidos para despertar.
Medo da multidão, medo da solidão, medo do que foi e do que pode ser, medo de morrer, medo de viver.
(Eduardo Galeano)
19.6.08
não entendi
Mas que raio de bom sistema é esse que tem um Primeiro Comando da Capital cada vez mais fortalecido¿ Nunca entrei em um presídio paulista (chegarei lá), mas em vários materiais que li são recorrentes as denúncias de familiares e dos próprios detentos sobre tortura e maus-tratos nas prisões. E não se pode considerar a corrupção dos agentes - pequeno ou alto escalão - um problema¿ Porque de alguma forma os celulares entram nas cadeias. Não só eles, mas as armas, as drogas e o resto. O próprio PCC foi criado dentro do Piranhão, em Taubaté, apelidado carinhosamente de “Fábrica de Monstros”. Isso foi em 1993, faz tempo, mas duvido que esteja a situação assim tão melhor do que na época do Carandiru. E o “investe em segurança” é construir presídios. Cada vez mais modernos. E enfiando sempre milhares de pessoas dentro deles.
Meses de visita para a Comissão concluir isso. Que os presídios do Brasil são ruins e que São Paulo constrói mais cadeias, por isso até merece elogios. Mais uma CPI incrivelmente inútil.
10.6.08
a bomba que poderia ter sido
Sei lá, de repente deu um medo da brevidade da vida. Um medo que me fez saudar minha própria coragem de estar e não surtar nessa selva de pedra. Como se fosse um recado para aproveitar todos os instantes da minha vida.
7.6.08
jornalista bom é jornalista vivo
Não quero tirar a responsabilidade e a crueldade das milícias cariocas, que tornaram o Rio, como diria minha mãe, a “Casa da mãe Joana”. Dos governos nem falo, porque quem não consegue matar mosquito não vai eliminar um problema tão complexo como o tráfico ou a corrupção na polícia. Agora, os donos de jornal, os chefes de redação e todos os "manda-chuvas" da imprensa têm que estudar formas de cobrir essa violência sem colocar o rabo dos outros em perigo. Se a diretora responsável de O Dia desconhecia que a equipe estava lá, é uma incompetente. Ela é paga pra saber que pautas estão sendo feitas, até onde minha inocência e inexperiência permitem entender.
Como é que um jornal de tanta expressão como O Dia consegue armar um plano tão imbecil de cobertura¿ Colocar uma equipe dentro do morro e fingir que são moradores¿ Isso não é coisa de amador. É de gente ou muito burra ou que não se importa com qualquer tipo de proteção. Os milicianos vivem há anos e décadas dentro das favelas. Eles sabem de longe quem é quem no morro, pelo jeito e pela cara. Obviamente a equipe seria descoberta. E se mandaram uma mulher achando que seria mais respeitada, conseguem ser ainda mais patéticos, já que por lá se vende até a mãe, se duvidar.
Por causa de no máximo meia dúzia de páginas, três trabalhadores foram agredidos e vão carregar um trauma para o resto da vida. Mas eles que se danem, daqui a alguns anos são demitidos mesmo e a história fica para trás. É sempre isso que acontece nessa porcaria de imprensa. Se é para se arriscar a La louca e levar tiro, eu vou para a guerra, onde as coisas devem ser mais organizadas e os correspondentes mais bem preparados. Essa história de jornalista que arrisca a vida pela profissão existe, sim. Mas, na imensa maioria dos casos, como esse, é desculpa para mandar o repórter para qualquer buraco, sem segurança e sem qualquer indenização, se der tudo errado.
E não precisa mandar três pessoas lá para cima para mostrar que as milícias existem. Todo mundo sabe. A idéia era mostrar o cotidiano de uma favela com milícias, os carros entrando e saindo, o pagamento de propina e o terror que causam na comunidade. O mundo inteiro já sabe disso. Agora, pede se um jornal desses manda um repórter para descobrir, no asfalto, quem financia esses grupos, quem está por trás da lavagem de dinheiro do tráfico e para o bolso de quem vai essa grana bem gorda. Da Secretarias de Segurança, só interessam os releases e as estatísticas das apreensões de armas e drogas nas abordagens e operações em morros. Qualquer informação além é pedir demais.
Esse é o jornalismo policial de hoje. Coletivas com os representantes da Segurança Pública e infiltrações de jornalistas despreparados em favelas, só para gravar barulho de tiro e traficantes pé-de-chinelo com uma AR-15 na mão e um pé na cova.
4.3.08
aqui agora
25.2.08
estranhas voltas
Êta coincidência!
15.2.08
a tal da conferência
Patética essa forma de esconder a “sujeira” por baixo dos panos. Simplesmente jogaram os mendigos de um lado para outro. E se a tal da Conferência quiser saber no que o poder público anda alterando a vida das pessoas, eu digo: vão deixar os mendigos sem colchão pra dormir. Com esse tipo de política, é o máximo que conseguem. Não é questão de apoiar uma cidade cheia de sem teto, mas fazer de conta que eles não existem é auto-vendar os próprios olhos.
Se quiser entender a realidade da população de Porto Alegre, e não apenas ouvir um monte de lendas sobre um Orçamento Participativo que anda mais do que quebrado, os ilustres convidados do evento, cuja inscrição custa uns 300 reais, poderiam dar uma voltinha no centro, ali pela Volunta. Ali, é possível observar bem os camelôs (pelo menos, os que resistem às faxinas da Smic), mais alguns mendigos, prostitutas, desempregados, vendedor de loteria etc. E ver o quanto de balela os “especialistas” estão dizendo. Melhorando maravilhosamente a cidade? Só se for no Moinhos ou no Higienópolis ou em algum condomínio fechado da zona sul. Pro povão de verdade, Porto Alegre nunca foi tão suja, tão atrolhada, desorganizada e repressiva quanto hoje.
E querer comparar essa conferência burguesa e midiática ao Fórum Social Mundial só pode ser coisa de jornalista que só sai de casa de helicóptero, nunca anda pela Farrapos ou cobre tudo pelo telefone, inclusive o Fórum.