Enquanto o Fogaça e a elite engenheiro-arquitetônica de Porto Alegre se esbaldam mostrando para o mundo o melhor da capital na Conferência das Cidades, a Guarda Municipal cumpre o papel de “limpar a área” para os convidados ilustres de vários países não perceberem que aqui tem muito mendigo. Acompanhei hoje pelo menos duas retiradas de moradores de rua no Centro, uma na João Pessoa, próximo da Salgado Filho, e outra embaixo do túnel da Conceição.
Patética essa forma de esconder a “sujeira” por baixo dos panos. Simplesmente jogaram os mendigos de um lado para outro. E se a tal da Conferência quiser saber no que o poder público anda alterando a vida das pessoas, eu digo: vão deixar os mendigos sem colchão pra dormir. Com esse tipo de política, é o máximo que conseguem. Não é questão de apoiar uma cidade cheia de sem teto, mas fazer de conta que eles não existem é auto-vendar os próprios olhos.
Se quiser entender a realidade da população de Porto Alegre, e não apenas ouvir um monte de lendas sobre um Orçamento Participativo que anda mais do que quebrado, os ilustres convidados do evento, cuja inscrição custa uns 300 reais, poderiam dar uma voltinha no centro, ali pela Volunta. Ali, é possível observar bem os camelôs (pelo menos, os que resistem às faxinas da Smic), mais alguns mendigos, prostitutas, desempregados, vendedor de loteria etc. E ver o quanto de balela os “especialistas” estão dizendo. Melhorando maravilhosamente a cidade? Só se for no Moinhos ou no Higienópolis ou em algum condomínio fechado da zona sul. Pro povão de verdade, Porto Alegre nunca foi tão suja, tão atrolhada, desorganizada e repressiva quanto hoje.
E querer comparar essa conferência burguesa e midiática ao Fórum Social Mundial só pode ser coisa de jornalista que só sai de casa de helicóptero, nunca anda pela Farrapos ou cobre tudo pelo telefone, inclusive o Fórum.
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