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24.11.08

direto do "livro dos abraços":

O Mundo...
Um homem conseguiu subir ao céus.
Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana.
E disse que somos um mar de fogueirinhas.
- O mundo é isso - relevou. - Um montão de gente, um mar de fogueirinhas.
Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras.
Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores.
Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas.
Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto, pega fogo.
(Eduardo Galeano)

5.11.08

azar do inferno

Passei cinco anos em Porto Alegre e a "maior" atração de que me lembro na Feira do Livro foi o Caco Barcellos. Fora isso, o grande chamativo é sempre o Anonymus Gourmet lançando livro - cujas receitas até minha mãe critica. Ou levam gente que lança best-seller ou livro de auto-ajuda, que não valem a leitura, o calor e as milhares de pessoas te empurrando.
Neste ano, quando estou fora da cidade, os malditos organizadores chamam o EDUARDO GALEANO. É só o cara que escreveu "As Veias Abertas da América Latina", que resume cinco séculos de opressão e exploração conseguindo, na minha opinião, não fazer um panfleto. E ele vai estar lançando um livro. Ou seja, vai ter sessão de autógrafos - isso quer dizer, eu ia poder chegar perto dele, ter um livro assinado por um autor que realmente fez a diferença para mim.
Ódio de verdade.

16.7.08

sobre o medo

Faz tempo que não posto nada, mas não é só a maldita preguiça. Voltei a ser um ser desprovido de Internet. Sim, triste vida. Mas nem tão triste assim. Em vez de ficar pendurada no computador, em Porto Alegre, aproveito para bater perna por São Paulo e aproveitar tudo que ela tem de bom (porque nem tudo é metrô lotado, PCC ou 25 de Março engarrafada ao extremo). Ah, preciso fazer um post sobre a 25... mas isso é depois. Por enquanto, o texto mais significativo que me apareceu. Só podia ser dele.

O medo global

Os que trabalham têm medo de perder o trabalho.
Os que não trabalham têm medo de nunca encontrar trabalho.
Quem não tem medo da fome, tem medo da comida.
Os motoristas têm medo de caminhar e os pedestres têm medo de ser atropelados.
A democracia tem medo de lembrar e a linguagem tem medo de dizer.
Os civis têm medo dos militares, os militares têm medo da falta de armas, as armas têm medo da falta de guerras.
É o tempo do medo.
Medo da mulher da violência do homem e medo do homem da mulher sem medo.
Medo dos ladrões, medo da polícia.
Medo da porta sem fechaduras, do tempo sem relógios, da criança sem televisão, medo da noite sem comprimidos para dormir e medo do dia sem comprimidos para despertar.
Medo da multidão, medo da solidão, medo do que foi e do que pode ser, medo de morrer, medo de viver.

(Eduardo Galeano)