Sempre achei um saco esse negócio de sessão de autógrafos. Pra mim, sempre serviu pros escritores olharem os outros por sobre suas lentes de intelectualidade e pros "tietes" demonstrarem toda a sua tietagem histérica e esquizofrênica. Fui em algumas até hoje, mas geralmente de pessoas que eu conhecia, então sempre foram sessões de clima amigável.
Segunda-feira, por acaso, li no Correio do Povo que a Danuza Leão estaria na Saraiva do Praia de Belas autografando seu último livro, Quase tudo. O Ungaretti falou do livro em aula, quantas matérias saíram sobre ele, me deu vontade real de ler. Só que minha lista do que ler é sempre gigantesca, o que me faz sempre anotar o nome de muitos livros na esperança de um dia comprar e ler. Desmarquei a depilação (porque deixar de ir em algo interessante por causa disso é imbecil, no meu universo) e resolvi comprar o livro e ir pra sessão.
O clima no lugar, claro, foi de tietagem, e sempre aproveito pra encontrar boa parte da imprensa daqui e descobrir o quanto odeio essa mesma imprensa, cheia dos egos de quem acha o Sol gira em torno de Porto Alegre.
O que valeu foi a Danuza. Com um casaquinho verde, uma calça surrada e um All Star branco, ela passou pelas pessoas como se fosse alguém comum. Inteligente como é, tinha a plena noção de ser a estrela da festa, mas não parecia se importar tanto com isso. Talvez nada. O que chama a atenção mesmo são os olhos – que olhos! Olhos de quem viu muito da história do Brasil, de quem estava ao lado de Samuel Wainer durante a notícia do atentado da rua Toneleros, em Copacabana.
Esperando na fila, chegou minha vez. Sorri pra ela, que deve ter achado – como muita gente mesmo – que sou mais nova que meus 22. Pediu se eu já tinha lido o livro. Disse que não, que esperaria terminar meu Crime e Castigo. Foi a vez dela rir e dizer: "ah, mas esse aqui [Quase Tudo] é muito mais leve". E eu completei com um "sim, e mais curto também".
Com "um beijão da Danuza" escrito no início do meu livro novo, agradeci. Ela também, pela minha presença. Saí da fila e fui pra casa, feliz por ter trocado três ou quatro palavras com a grande Danuza Leão sem ter precisado ensaiar durante cinco horas.
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