Acompanhando os preparativos do Tribunal Popular, que vai acontecer em dezembro aqui em São Paulo, fui ontem ao Palácio dos Bandeirantes (o Piratini dos paulistas). Depois de quase suplicar para a assessoria de imprensa deixar os jornalistas entrarem, autorizaram que apenas eu, que tinha máquina fotográfica - emprestada do pessoal do Tribunal - subisse para registrar o momento em que os organizadores entregavam uma convocação ao governador José Serra.
Não foi nem a burocracia do processo que me surpreendeu, e sim o comentário de um dos milhares de assessores que trabalham na "Casa do Povo" aqui de São Paulo. Depois de a assessora de imprensa comentar em uma salinha que o governo paulista iria ajudar no apoio às vítimas de Santa Catarina - o que é óbvio, não havia necessidade dela anunciar tão espetacularmente -, um de seus interlocutores pediu quando finalmente a Defesa Civil iria anunciar um "disque-ajuda" ou algo parecido com um "posto de coleta", pois sua mulher estava louca para ajudar os desabrigados catarinenses. A mulher, segundo ele, tinha várias coisas em casa e achava que poderiam ser úteis.
A tragédia de Santa Catarina é terrível, ainda mais assustadora para quem tem parentes na região, como eu. Toda a ajuda do mundo é necessária. Mas por que essa mulher "tão bondosa" resolveu esperar uma tragédia tão retumbante para ajudar alguém? Ficou na minha garganta a frase "em São Paulo sempre existem pessoas que precisam, ela poderia doar para quem está aqui também".
Preferi ficar quieta, não apenas porque estava no Palácio do Serra e poderia ser presa - não dá para duvidar de mais nada, afinal não sei que poderes tem o homem de mulher tão bondosa - mas também porque não vale a pena se desgastar com gente que só descobre que os outros sofrem quando vêem na televisão.
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