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Em 2017 eu prometi que faria o possível para manter o ano tão tranquilo quanto possível. Começou muitísimo bem, com boas novas fenomenais, depois o ritmo caiu por volta de abril. Em maio eu já estava com a corda toda outra vez, mas em julho senti uns sintomas de depressão muito fortes. Como há anos eu não sentia. Foram semanas me sentindo mal, alguns dias quase insuportávei, tavez o tal do inferno astral que apareceria antes do aniversário.
Pós-ficar mais velha voltei a me sentir melhor, e agora eu sinto aquela âncora terrível querendo me levar pra baixo outra vez. Em questão de dias se passaram várias coisas, sentimentos, ideias, imagens, Sao Paulo, Dublin, onde exatamente eu estou, e é bem difícil segurar as pontas de vez em quando.
Eu achava que meu futuro estava relativamente certo, daí a vida me mostrou que talvez não seja bem assim. Que talvez tudo dependa de mim. Que eu talvez precise ser mais corajosa do que sempre fui. Parece que decisões terão que ser tomadas.
Algo tem me incomodado de uns tempos pra cá. A certeza de que estou demasiado parada na vida. Para meus padrões, claro. Tem gente que passa a própria existência fazendo o mesmo e não há problema. Mas eu queria estar de alguma forma andando. E não estou. Me sinto como uma kombi velha, daquelas estacionadas, abandonadas numa rua lateral qualquer, pra quem ninguém presta muita atenção. Aos poucos vão levando as peças, a pintura descasa, molha o forro dos bancos, mas aparentemente está tudo igual, porque ela não anda, parou de andar faz muito, então tá tudo bem. Tudo normal.
Só que não. Não tá tudo bem e até em sonho eu já gritei tentando comunicar algo que não sei explicar, não é visível. Eu sou essa kombi velha e não quero ser. Eu quero andar, ver paisagens, transportar ideias, carregar e descarregar sentimentos.
É muito difícil admitir que não, não tá tudo bem, ao contrário, tá tudo cagado e não se sabe onde consertar primeiro. Mas é preciso fazer isso.
Acho que o primeiro passo eu já dei. Como o dono da Kombi que precisa tirá-la do lugar o quanto antes de ter perda total, eu preciso caminhar. Foi difícil perceber o quanto tenho sido covarde, mas lamentar não adianta, então vamos olhar pra frente. Seguindo.
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