Copiando descaradamente as retrospectivas de fim de ano que aparecem em todas as partículas do universo quando um ano vai embora, vou aproveitar e fazer uma espécie de confidencial aqui. Não é lá tanto interesse público que justificasse colocar isso em um blog, mas a única explicação é: meu deu vontade. A maior mudança que 2007 me trouxe foi justamente essa frase. Fazer mais as coisas que me dão prazer e vontade, sem tentar agradar a cronogramas que no fundo nem são meus.
Eu iniciei ano em São Paulo, na Virada da Paulista, típico lugar que eu sempre tinha visto pela televisão e pensava em como seria estar ali. Do meu lado, vários corredores da São Silvestre de várias partes do Brasil e duas argentinas. Certamente o melhor Reveillón da história, porque o mais inesperado. Na volta pra pousada, uma madrugada de risadas nos sofás enquanto um dos corredores me contava dos treinos e passava Moulin Rouge na Globo.
No dia 1º de janeiro, pisei pela primeira vez nas areias de Copacabana. Era uma noite bonita ali pelas 22h, e eu estava sozinha e tão feliz. Acho que foi o momento mais fantástico de 2007. Naquele minuto, descobri que seria um grande ano.
Na primeira semana de janeiro, virei de ponta a ponta o Rio de Janeiro seguro. O que quer dizer que não me aventurei pelas favelas. Fiquei foi no Rio turista da classe média, com direito a passada no Leblon da novela das oito. Entre museus, praias, vistas e o centro, descobri que o Rio poderia ser minha casa.
Me aventurei um pouco mais por São Paulo. Quis conhecer o Morumbi, o Pacaembu e o Museu da Língua Portuguesa, onde vi a exposição mais fantástica sobre Grande Sertão: Veredas e jurei, novamente, que ainda vou ler esse livro.
Conheci a Neca e a Clarice no Conselho de Contabilidade, e a Neca se mostrou a chefe mais legal do mundo. Sinto saudades de verdade daquelas tardes geladas de inverno quando se tomava chás e cafés e ria de tudo que se passava dentro e fora da sala onde a gente trabalhava.
Li Crime e Castigo, boa parte dele em Capão. Também li Bukowski e me senti não mais em crédito com um amigo quando terminei As Veias Abertas da América Latina. Mas não li Sartre. Nem o livro da Danuza Leão nem Simone de Beauvoir. Mas comecei o ano lendo Balzac.
Conheci Torres e Nova Petrópolis. Em Torres, os dias poderiam ter sido mais bonitos para as fotos serem melhores. Em Nova Petrópolis, eu não fotografei nada, mas me deu vontade de passar muito tempo naquela cidade tão doce.
Também conheci Nova Santa Rita, durante uma mobilização do MST. Foi a melhor aula de realidade e história do ano.
Passei a trabalhar na Chasque, e nos primeiros dias me vi no site do Brasil de Fato. Mal acreditei.
Queria ter aprendido a nadar. Mas a natação é uma brincadeira um tanto cara, então eu adiei um pouco essa questão. Mas espero voltar nela.
Mandei o e-mail mais importante da minha vida. E ele nunca teve resposta.
Tentei riscar alguém da minha vida definitivamente. Mas ainda não foi neste ano.
Senti muitas saudades. E sei que sentiram também.
Completei o último ano de Fabico. Uma mistura estranha de alegria e tristeza, mas nesse momento, a certeza de que vai ser melhor.
Fiz a monografia que eu queria e me redescobri de várias formas. Se for verdade que os verdadeiros jornalistas se sentem atraídos pela marginalidade, fui aprovada, porque passei o ano mentalmente dentro de cadeias, favelas e diversos submundos.
Estudei pouco pro inglês, e absolutamente nada pro francês.
Tive contato pela primeira vez com a antropologia. Tanto que fui até a Igreja Universal fazer um estudo etnográfico. Descobri que as ciências sociais me esperam.Não me informei o suficiente sobre mestrados, muito menos elaborei um plano. Mas vai ver não era a hora.
Fui pouco ao cinema nessa segunda metade do ano. Espero reverter isso.
Comprei um laptop e penso em como pude viver tanto tempo sem ele.
Entrei pela primeira vez na Fase – antiga Febem. E fiquei mal e triste e desanimada.
Quase fui na final da Libertadores. Mas fico feliz por ter feito parte de uma das filas mais bizarras da história do Grêmio recente.
Me tornei muito mais sensível e obsevadora do que eu era. E estou achando bom.
Me afastei e me reaproximei de várias pessoas, em vários sentidos.
Parei de enganar a mim mesmo e jurar que no próximo ano começaria a freqüentar uma academia. Foi em 2007 mesmo, e me alegro. Nem está sendo tão ruim.
Assisti a Glauber Rocha pela primeira vez.
Esperei que o Axl Rose viesse a Porto Alegre pra eu relembrar meus tempos de colégio. Não veio. Mas não fiquei de modo algum surpresa.
Terminei o ano gostando mais do meu cabelo. Deve ser porque eu terminei o ano gostando mais de mim do que em outros tempos.
Na real, era isso. Não teve lá muita ordem essas confidências de mais fracassos que sucessos, mas acho que serviu pra eu pensar um pouco. Certamente não consegui falar de tudo, nem fui clara em muitos aspectos, mas eu entendi. E termino 2007 dizendo que, primeiro, as coisas devem fazer sentido na minha cabeça. Depois, explico pro mundo. Ou pelo menos tento.
E fiquem certos vocês, que passam por aqui, que cada um tornou meu ano bem mais interessante, divertido e especial. Agora era isso mesmo. Fui. Até o ano que vem.
2 comentários:
Obrigado pela parte que me toca :)
No mais, o sentimento é esse. 2008 vai ser O ANO. VAI TER QUE SER. Nem que seja na marra. Te prepara, 2008!
Bjos =D
que em 2008 eu continue tendo o privilégio de dividir boas conversas e bons momentos contigo :) beeijo!
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