
Fiquei um tempinho sem postar, sem grandes coisas que me motivassem a aparecer por aqui. Mas como assisti a uma palestra com o Gay Talese na semana passada, considerei isso uma excelente razão para escrever.
O velhinho é uma graça de pessoa. Um gentleman. Um lord, se fosse inglês. Educado, gentil, fala bem, com um inglês pausado e límpido. Não pretendo ser excessivamente lugar-comum, portanto me abstenho de palavras como “inteligente” e “perspicaz” para descrevê-lo.
A palestra foi no Masp, e ele usou o tempo para contar umas histórias, descrever o que considera um bom repórter, um bom jornalista, o que falta à imprensa hoje, essas coisas que se pergunta sempre.
E fez uma consideração que, para mim, foi a coisa mais bonita de toda a palestra.
Gay Talese contou que o pai, um imigrante italiano nos Estados Unidos, ganhava a vida como alfaiate e sempre sentiu muito prazer em atender bem os clientes. Observar como o pai tirava as medidas dos clientes para os ternos definiu a forma como ele se comportaria enquanto escritor.
“Aprendi que meu pai sempre quis fazer um terno que não fosse se desfazer. E da mesma forma, eu nunca quis fazer uma matéria que fosse se desfazer com o tempo”.
Diferente da Clau e do Igor, que estavam comigo, não saí feliz da palestra. Satisfeita, é claro, por ter conhecido alguém que marcou a história do jornalismo, mas com uma sensação de “limite”. Como disse o Natusch, é como o sentimento de quem viu o Jimmy Hendrix. ELES SÃO FODA NO QUE FAZEM; nós, pobres mortais.
Não estou dizendo com isso que pretendia ser maior que o Gay Talese e que me dei conta de que não vou conseguir - ainda não cheguei nesse estágio de loucura. Mas é triste perceber o quanto se é comum e mais um na multidão. E se contentar em fazer mesmo coisas de pobres mortais.
Quem me conhece sabe que sou dada a um existencialismo meio obcecado às vezes, mas eu vi praticamente o Messias do jornalismo, vi que ele existe e nada será igual.
Nunca li todo um Gay Talese, mas em breve começo pelo “Vida de Escritor”, o último dele, com uma série de histórias que foram recusadas.
3 comentários:
Sim, Gay Talese humilha a todos nós.
Mas acho que existe certa beleza em tentar a vida inteira alcançar o inalcançável, mesmo que sem muita esperança... Gosto de pensar que é esse tipo de pretensão absurda que faz do mundo um lugar um pouquinho melhor de se viver ;)
Beijo
Ando meio pessimista, razão pela qual não pensei muito por esse lado hehe...
Mas hei de melhorar!
amo mto o q tu escreve dona jornalistaaaaaaaaaaaaaaa especial :) te adoro. minha formatura é dia 21 de janeiro as 18:30 se pudesse ir eu ficaria extremamente feliz admito. beijao flor.
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